Segundo
a experiência de estágio supervisionado, descrita por Prado (2012), o aluno de
estágio deve assumir a postura de investigador num processo de pesquisa, no
qual a partir de uma análise reflexiva possa contribuir com um projeto de
intervenção que favoreça melhorias no trabalho pedagógico no contexto do campo
de estágio investigado.
Assim
sendo, a concepção de estágio adotada pelo grupo e pela proposta de estágio
supervisionado apresentado pelo curso de Pedagogia da Universidade Federal de
Alagoas, pressupõe a concepção apresentada por Lima e Pimenta (2006) do estágio
como pesquisa e a pesquisa no estágio.
A pesquisa no estágio como método de formação
dos estagiários futuros professores, se traduz pela mobilização de pesquisas
que permitam a ampliação e análise dos contextos onde os estágios se realizam.
Mas também e, em especial, na possibilidade de os estagiários desenvolverem
postura e habilidades de pesquisador a partir das situações de estágio,
elaborando projetos que lhes permitam ao mesmo tempo compreender e
problematizar as situações que observam. (p.14).
Nesse
sentido compreendemos estágio como pesquisa-ação, ou seja, o estágio envolve
analisar e refletir sobre uma dada realidade, assim como intervir a partir de
ações interventoras que proporcionem transformações significativas para o
espaço no qual o estágio é realizado, articulando teoria e prática, favorecendo
a apreensão de novos conhecimentos e ajudando na formação de sujeitos críticos
e reflexivos.
É
a partir desses pressupostos que nossa experiência no estágio supervisionado no
âmbito da gestão escolar realizado numa escola municipal de Educação básica de
Maceió encerou-se pela falta de dados reais que justificassem a necessidade de
uma ação interventora no trabalho desenvolvido pela atual gestão.
Dessa
forma, nosso estágio com a gestão da escola foi realizado em dois meses e
quatro momentos presenciais.
No
primeiro momento foi apresentada a equipe de estágio à equipe gestora da escola
e a proposta do estágio supervisionado voltado para a gestão escolar, e nesse
mesmo dia deu-se inicio a entrevista com a diretora.
No
segundo encontro, houve a continuidade da entrevista com a diretora, o
levantamento de dados para a caracterização da escola e análise sobre as
necessidades e prioridades da escolha que ajudariam na construção do projeto de
intervenção que posteriormente seria construído e que não ficou definido nesse
encontro. Contudo, em um terceiro momento realizado com a vice-diretora foi
discutido um possível tema para o projeto, no qual pudéssemos intervir e ajudar
no trabalho da gestão, sendo apresentada a dificuldade na prestação de contas
realizada pela escola, que ficou definido como tema de projeto de intervenção pedagógica
a partir de uma reunião feita entre o grupo e a professora orientadora do
estágio, visando ajudar a sancionar as principais dúvidas e dificuldades da
gestão quanto ao financiamento escolar e a prestação de contas.
Partindo
dessa definição, a equipe dedicou-se na construção do projeto de intervenção
pedagógica que foi orientado e supervisionado pela professora de estágio.
Com
o projeto de intervenção pronto, em um quarto momento na escola campo de estágio,
o projeto foi apresentado à diretora da escola, uma vez que a vice-diretora não
pode estar presente, uma cópia do projeto foi entregue a direção da escola e
após a discussão e explicitação dos objetivos, das etapas e do cronograma de
atividades, o projeto foi aceito e as datas das atividades foram determinadas
de acordo com a disponibilidade da escola e, principalmente, da equipe gestora.
Logo
em seguida, foi realizada a segunda etapa do projeto que consistia na aplicação
de um questionário a fim de levantar as principais dúvidas e anseios da equipe
gestora sobre o financiamento escolar e a prestação de contas. Foi a partir da
análise dos dados levantados com o questionário sobre financiamento e gestão
escolar que constatou-se a mudança em relação a dificuldade inicialmente
identificada pela gestão da escola na prestação de contas e a não necessidade
de uma ação interventora na realidade apresentada pelos dados coletados,
perdendo-se, assim, o sentido do projeto de intervenção pedagógica construído.
A
partir desses pressupostos, encerramos nosso estágio na escola e a equipe foi
direcionada para outros campos de estágio supervisionado na gestão de escolas e
órgãos públicos do município de Maceió.
Enfim,
cabe salientar que o estágio supervisionado na gestão da escola nos
proporcionou novos conhecimentos sobre o papel do gestor, suas funções e
desafios no ambiente escolar, além do conhecimento adquirido na construção do
projeto de intervenção voltado para o financiamento escolar e dos princípios do
estágio supervisionado.
REFERÊNCIAS
LIMA, Maria Socorro Lucena; PIMENTA,
Selma Garrido e. Estágio e docência: diferentes concepções. Revista Poíesis - Volume 3, Números 3 e
4, pp.5-24, 2005/2006. Disponível em: <http://www.cead.ufla.br/portal/wp-content/uploads/2013/10/Arquivo_referente_ao_Anexo_V_do_Edital_CEAD_06_2013.pdf>>.
Acesso em: 28 de setembro de 2016.
PRADO, Edna. A formação profissional do gestor e a
ressignificação do estágio supervisionado. Estágio
na licenciatura em Pedagogia: gestão educacional. Petrópolis,RJ: Vozes;
Maceió: Edufal, 2012. – (Série Estágios – Coordenação: Mercedes Carvalho e Edna
Prado, p.56 – 81)